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Setor moveleiro afetado pela crise

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Arquivo IMP -
Para não demitir funcionários, empresas optam por férias coletivas ou antecipação de férias com acordo coletivo
Empresários do setor moveleiro tentam driblar a crise e a queda nas vendas, mas, mesmo com o jogo de cintura dos patrões, a região moveleira do Oeste de Santa Catarina deverá ter uma redução da ordem de 35% no faturamento neste ano e em torno de 2.000 empregos diretos e 4.500 indiretos. As informações são do presidente da Associação dos Moveleiros do Oeste de Santa Catarina (Amoesc) e do Sindicato da Indústria Madeireira e Moveleira do Vale do Uruguai (Simovale), Osni Verona.
Conforme o presidente, todas as empresas do setor foram afetadas pelo cenário que se desenhou e que está impregnado no Brasil desde o início de 2015. "Nossos governantes mergulharam no lodo da corrupção - deixando o setor industrial sem confiança e sem forças para investimentos", afirma.
Ele destaca que 80% das médias e grandes empresas optaram, neste primeiro semestre, em não dar férias coletivas, mas temporariamente para quem tinha direito para não demitir a mão de obra e diminuir o ritmo e, assim, reter talentos que capacitaram para a produtividade. "As pequenas e micro empresas diminuíram seus efetivos e estão se adaptando à realidade, reduzindo custo e usando material alternativo de menor custo", diz Verona.
Quanto às demissões, o presidente enfatiza que, no total, estão chegando à casa dos 12 a 14%, onde os ajustes de custo e valorização da mão de obra foram muito altos em relação ao desempenho na produtividade, onerando e agregando valor onde o mercado, hoje, não paga por essa valorização. "Estes ajustes foram necessários para as empresas não desaparecerem do mercado", aponta.
"Indefinição política está ocasionando uma crise financeira", afirma presidente da Acip
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Pinhalzinho (Acip), Alessandro Beltrame, salienta que de longa data a indústria vem sofrendo, em especial o setor moveleiro que é o setor que domina a nossa região. "Percebemos que a indústria sempre vem tentando manter os funcionários e não fazer as demissões. As alternativas para isso são as férias coletivas, antecipação de férias com acordo coletivo, porém, quando se fala nisso, se fala em fim de linha, o próximo passo é a demissão", pontua.
Ele ressalta que teve a informação que cerca de sete a oito empresas do setor, não só de Pinhalzinho, mas da região, deram férias coletivas; houve também um caso de antecipação de férias, onde os funcionários não tinham direito e buscaram um acordo para antecipar as férias e evitar a demissão.
De janeiro a julho, conforme números repassados pelos contadores nucleados da Acip, somente as maiores empresas registraram em torno de 180 demissões. Os números mostram, também, um decréscimo no faturamento, que apresentou média de 12 a 15% nessas empresas, sem contar a inflação. "Tivemos uma inflação de aproximadamente 12%, então, tivemos um decréscimo do faturamento de 24 a 27%, que é outro indicador que demonstra que a crise está instaurada", salienta o presidente da Acip.
Ele menciona, também, o fechamento de 173 CNPJs de janeiro a julho, conforme dados do setor de tributação da prefeitura de Pinhalzinho. "Tudo isso são indicadores que estamos passando por uma crise e, infelizmente, pela visão de economistas, é uma crise que não é tão passageira, pois ainda temos a indefinição política. Acredito que não teremos êxito até que não se defina a presidência da República. A partir do momento em que se oficializar uma definição da Presidência, após um ou outro assumir, que começa a implantar um plano de recuperação, o prazo vai ser muito longo até retroceder essa questão de déficit econômico", aponta Beltrame.
O presidente sugere que as propostas dos candidatos ao Executivo municipal incluam, além da ação social, o apoio a empresas, que são fonte geradora de emprego e renda. "É um momento propício para que nós, como cidadão eleitores, tenhamos esse discernimento de entender que é o momento de começar a se preocupar com o futuro do país, não só com ações paliativas e sim com ações que vão gerar o futuro do cidadão. Neste momento de crise, temos que ter o pé no chão, tomar decisões pautadas e com informações", assegura.
"Crise é consequência de um desgoverno", assegura o vice-presidente da Fiesc
O vice-presidente para assuntos da região Oeste da Fiesc, Waldemar Antônio Schmitz, ressalta que é fácil entender porque o setor moveleiro passa por dificuldades. "O móvel é um produto supérfluo e, em qualquer crise que acontece, é o primeiro que sofre retração no mercado. As pessoas estão mais endividadas e o salário já está comprometido com prestações já assumidas, não tendo mais poder de endividamento. Com isso, não vão comprar móveis, vão comprar comida, roupa, investir na educação, que são prioridades", salienta.
Ele aponta que a Fiesc vem pedindo uma linha diferenciada de financiamento , postergação de impostos e também vem realizando ações na área de inovação para que as empresas comecem a perceber a importância da agregação de valor em seus produtos. "É uma defesa permanente, em prol do empresário e também do trabalhador, com a qualificação, trabalhos de consultoria, cursos, gerenciamento de processos internos, entre outros. Temos diversos serviços que podemos prestar em prol do setor moveleiro", enfatiza.
O vice-presidente diz ainda, que essa crise é consequência de um desgoverno que estava totalmente desiquilibrado e que não soube conduzir de forma correta a economia do país. "Infelizmente quem paga a conta é quem está trabalhando", afirma. Ressalta, ainda, que é preciso uma definição na política nacional, para que sejam tomadas medidas que de fato venham socorrer de forma rápida o empresariado. "A Fiesc, juntamente com a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), elaborou uma carta com ações que o governo nacional precisa executar. Se fizerem isso, as coisas vão começar a mudar e a melhorar", garante.
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