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Colecionar, uma paixão em preservar momentos, histórias e conquistas

  • Museu Municipal -

Em sequencia a Série de reportagens, apresentamos dois colecionadores que residem no município de Pinhalzinho e continuam durante décadas a guardar elementos que julgam ser essenciais para contar histórias

Nossa equipe conversou com o colecionador Valdir Kaiser, de 78 anos de idade, nascido em Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul, mas que reside no município de Pinhalzinho há 54 anos e guarda com muito amor ao longo da vida diversos arquivos literários em sua casa

Desde criança Kaiser amava ler, passava horas devorando livros e adorava ganhar cada vez mais artigos. Fascinado pela leitura, seu Valdir demonstra seu gosto por guardar memorias literárias, que iniciaram ainda quando o mesmo residia em Estação - Rio Grande do Sul. "Comecei sem perceber, gostava muito de ler e acabei guardando", fomenta Valdir.

Seu acervo contém diversas obras e estão todas guardadas com muito zelo no porão de sua residência. Além disso, seu Valdir explica que guarda estes itens por expressarem muito da história. "Gosto muito de tê-los para guardar a história, para isto, estou dedicando-me a manter a genealogia da família, guardando-as, todos tem um grande sentimento especial para mim", conta.

As recordações pessoais são formadas por tantos arquivos, que ele não as consegue mais contar. Os mais variados itens estão por lá, desde de livros, jornais, fotos que carregam lembranças, álbuns de jogadores à músicas. São também arquivos de cinema e radio que carregam em si, milhares de memórias e sentimentos.

Valdir pretende continuar sua coleção, adquirindo cada vez mais objetos que carregam em si, histórias de vidas únicas.

Outro morador de Pinhalzinho que adora colecionar é Dirceu Suzin, de 60 anos, nascido em Campinas do Sul, Rio Grande do Sul, o professor de História e comerciante que através de um caderno e recorte de jornais produziu seu o primeiro álbum de figurinhas.

Em 1970, com apenas 10 anos, Suzin encontrou sua paixão em colecionar, guardando diversos itens raros relacionados ao Campeonato Mundial, tendo coleções das copas em VHS e também em DVD; cartões com cartazes de divulgação de cada mundial, e até isqueiros com os temas das Copas.

Tendo um irmão, jornalista em Brasília, Suzin conquistou autógrafos dos bicampeões mundiais de 1962. Um quadro em especial chama atenção, armazena os nomes de Bellini, Zangalo, Pelé e Dino Sani. Outra peça valiosa de sua coleção é uma camisa da Seleção de Masters, autografada por jogadores como Zico, Nilton Santos e Amaral. Apesar da grande quantidade e de ter perdido alguns itens, ele mostra o zelo e carinho que tem ao guardar. "Perdi muitas por diversos motivos. Só bem mais tarde surgiu o interesse em colecionar. A revista tem 1.468 edições, destas faltam para mim 156 revistas. Coleciono artigos e revistas álbuns de Copas do Mundo, também livros, CDs, DVDs, matérias de futebol, e também do Grêmio" diz.

Armazenando cada item com muito cuidado e zelo, para manter sua paixão intacta, de início, sua coleção começou sem intenção. "Eu coleciono principalmente a Revista Placar da Editora Abril. A primeira revista que eu comprei foi a número 14 de junho de 1970. Mais tarde consegui comprar a número um. Não tinha interesse em colecionar, só guardava elas na época tinha dez anos de idade", conta.

Além disso, ele também destaca que caso alguém queira acrescentar em sua coleção de Revistas Placar antigas ou até mesmo conhece-la, basta entrar em contato através do telefone (049) 988367856.

Para entender mais sobre o que ocorre no emocional das pessoas que colecionam, conversamos com a psicóloga clínica, Ana Cristina Weber Marchi. (CRP 12/11768).

Para a profissional o habito de colecionar coisas é algo muito antigo que é também descrito em outras espécies. "Em nossa realidade, diversas vezes acabamos colecionando coisas sem perceber, como pratos, xicaras, ímãs, e outros utensílios que passam despercebidos. O habito de colecionar não tem uma causa em especifico, apenas as particularidades de cada indivíduo, por isso, é necessário avaliar cada caso individualmente para compreender essa prática de guardar, organizar, selecionar, trocar e expor itens. É importante também considerar que geralmente esse hábito está ligado a memórias de vida do colecionador. Por exemplo, uma vez acompanhei um caso de uma mulher que colecionava objetos da infância, a mãe dela guardava objetos da infância e ela seguiu com esse comportamento, pois isso despertava nela lembranças dessa fase da vida, e era uma forma dela lidar com angústias presentes no momento atual" explica.

Assim como tudo que envolve o comportamento humano, o habito de colecionar pode levar a situações de exagero, prejudicando o individuo.

A diferença entre um acumulador e um colecionador está na forma excessiva e formas de armazenar objetos. "Os acumuladores são pessoas que adquirem compulsivamente objetos desnecessários e que vão guardando, geralmente de forma desorganizada e encontram dificuldades em desfazer-se desses objetos por achar que estes poderão ter utilidade futuramente e apresentar algum valor financeiro ou afetivo, sentindo-se mais seguros ao guardá-los", informa.

 Na maioria das vezes, o comportamento de acumular prejudica diversos aspectos da vida cotidiana, como o âmbito social e ocupacional, dificultando o convívio com esses indivíduos. Por isso, essas pessoas podem acabar se isolando e, normalmente, relatam não se sentir confortáveis quando outros sujeitos frequentam sua residência. Essa incapacidade em se libertar de objetos e a constante necessidade de adquirir coisas constituem, de certa forma, uma dificuldade associada ao controle de impulsos e em lidar com a ansiedade. Já os colecionadores escolhem objetos específicos para colecionar e conseguem manter um nível de organização maior relacionado ao ambiente onde vivem. "Pessoas que colecionam buscam objetos para completar sua coleção, organizam-nos ou procuram exibi-los. Esse comportamento não prejudica o funcionamento do indivíduo, eles possuem função de entretenimento, a socialização e convívio entre pessoas com interesses em comum", acrescenta.


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