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Juiz converte prisão do pastor Valdemar de temporária para preventiva

Ele é acusado da morte da sua esposa Luciane Hemerich dos Santos
A justiça criminal de Pinhalzinho recebeu, nesta terça-feira (07), a denúncia oferecida pelo Ministério Público de Santa Catarina (PMSC) contra o pastor Valdemar dos Santos, acusado da morte da sua esposa Luciane Hemerich dos Santos, pela prática dos crimes de homídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver, no fim do ano passado.
Na decisão, Juiz de direito da Comarca de Pinhalzinho, Márcio Preis, a pedido do Ministério Público, converteu a prisão temporária em preventiva.
O caso
O pastor Valdemar é o principal suspeito pela morte de Luciane Santos, de acordo com o delegado da Polícia Civil de Pinhalzinho, Ricardo Guedes da Cunha. Em entrevista coletiva na tarde de sexta-feira (13), na própria delegacia, ele desmembrou todo o caso, e afirmou que o pastor deve ser o autor do crime. Ele está preso em Maravilha, prisão temporária de 30 dias.
Luciane Santos, de 29 anos, foi encontrada morta na manhã de 31 de dezembro de 2016, na Linha Lajeado Pedro, interior de Saudades. De acordo com Waldemar, ela teria sido levada para aquele local por supostos sequestrados. Mas, na verdade, quem a levou lá e cometeu o crime foi o próprio pastor, disse o delegado na entrevista. Para o motivo do crime, a polícia acredita que seja financeiro.
"A motivação nós temos quase certeza, nós estamos no quase, há indícios, que a motivação é financeira. Não sabemos ainda, nem 100% certeza, mas como autoria 100% que foi ele. Não existe sequestrador. Não há sequestradores, e a motivação em tese parece que é a parte financeira, até por que ele mentiu em relação ao seguro (de vida, cerca de R$ 300 mil)", explicou o delegado. Além do seguro, em que ele é o beneficiário, os supostos sequestradores também teriam levado uma quantia de R$ 12 mil. Não se sabe se este dinheiro existe, e se existe, o que foi feito com ele.
O crime
"Ele matou a mulher, arrancou a roupa para estancar o sangue, ele amarrou no pescoço com a blusa dele, nó sabemos disso", afirmou Da Cunha. Waldemar não confessou o crime em nenhum dos depoimentos, segundo a polícia. Na delegacia, ele teria dado a outra versão dos fatos, sobre o sequestro, que a polícia disse que não existiu. Ou seja, não há quadrilha, não criminosos, e muito menos sequestro. Foi uma ação manipulada pelo pastor, o provável autor do crime. A polícia também trabalha ainda para apurar se há mais pessoas envolvidas, mas a tese é que isso não se confirme. Nas imagens de videomonitoramento aparece apenas o casal.
"Há indícios fortíssimos da autoria do crime de homicídio qualificado em face da senhora Luciane Santos pelo seu esposo, o pastor Waldemar da Igreja Assembleia de Deus", comentou Guedes. Para chegar a esta tese, foram colhidos vários depoimentos, e a partir daí, a polícia foi em busca de provas, principalmente através das câmeras de videomonitoramento, interceptações telefônicas, e pelas prováveis falhas nos depoimentos, quando a polícia acredita que há algo de errado.
Laudos
De acordo com os laudos do Instituto Médico Legal (IML) e Instituto Geral de Perícias (IGP), Luciane foi alvejada três vezes no pescoço por arma branca (faca ou canivete, possivelmente).
A polícia acredita que a pastora tenha chegado viva até o local onde foi encontrada morta. "Por que estive no local e atrás da árvore tinha lascas da árvore como se uma corda estivesse passando, não sabemos ainda", revelou Ricardo.
O que disse o pastor em seus depoimentos
Segundo o delegado, o pastor disse em seus depoimentos que os supostos sequestradores chegaram e os renderam em casa. A partir daí, subtraíram alguns pertences e teriam saído com o casal. Seriam três homens encapuzados e com luvas.
Conforme era divulgado, após o sequestro, no trevo de Modelo, o casal teria sido separado, Luciane colocada em outro veículo, e levada em direção à Maravilha. Já o pastor, teria sido deixado em uma mata, com um telefone celular, onde mais tarde teria avisado o filho sobre o sequestro.
A ajuda das câmeras
Com o auxílio das câmeras, a polícia conseguiu provar que o sequestro não aconteceu. "Captamos as imagens na cidade de Pinhalzinho, e nós notamos a verdadeira história, em que não foram rendidos em casa, ao contrário, ele contorna a casa dele, contorna a rua, e não sai com sequestrador na frente. Pegamos imagens dele e dela na frente (da casa)", completou o delegado.
Sobre a suposta troca das vítimas no trevo de Modelo, também é tudo armação. Para a polícia, não há como realizar uma ação do tipo nestes locais movimentados. "O local onde foi feita a troca dos reféns, próximo ao trevo de Modelo, também não tem como acreditar nisso, por que não está dando fatos. Contamos em torno de 40 automóveis circulando pelo local, enfim", informou.
O corpo
"Estava com roupa, uma saia jeans, uma blusa jeans e por baixo uma blusinha preta, sapato aparentemente de cor escura, por que estava cheio de lama. Ela estava de bruços e amarrada com as mãos para trás, com lenço em volta do pescoço. Marcas aparentes não tinha. Na verdade o corpo já estava em avançado estado de decomposição. Tinha bichinhos saindo por todo que é lado do corpo. Vários buracos causados até pelos próprios bichinhos que estavam comendo a carne. Quando viraram ela quase não dava para reconhecer. A arcada dentária estava toda desmanchada", explicou a Polícia Civil, em entrevista ao jornal Imprensa do Povo.
O trabalho da polícia
O delegado comentou sobre o trabalho da polícia em cima do "Caso Luciane", e sobre outros acontecimentos que envolvem diretamente a polícia.
"As pessoas acham que está tudo bem com o policial. Não, a gente não dorme bem, a gente fica as vezes sem paciência, inclusive com os familiares, dorme mal, levanta várias vezes, vem ideias na cabeça. Eu evitei de caminhar pela praça de Pinhalzinho, para não falarem que 'tem um sequestro e eu caminhando de boa'. Foi um final de ano conturbado, que nunca passei na história da polícia. Foi o pior inquérito da minha vida. Estou falando apenas que a Polícia Civil trabalha quietinha, no silêncio, a gente não busca reconhecimento de ninguém, não quero que ninguém dê aplausos à Polícia Civil, mas só antes de criticar, pensar duas vezes. Alguém falar que está demorando a investigação, investigação não se faz da noite pro dia. Eu não faço investigação para concluir inquérito, eu faço investigação para dar cadeia. A polícia faz investigação para dar condenação", finalizou o delegado.
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